Fragmento de texto retirado da obra de Carolina Cunha, Histórias do Okú LaiLai.
Temas África; Cultura afro-brasileira; Cultura yorubá
"Na África, Yemoja (a pronúncia aproximada é “Yemodjá”) é a deusa do povo egbá, que outrora habitava a região situada na bacia do rio Oshun, onde ainda existe o rio Yemoja। No início do século XIX, por causa das guerras com os daomeanos, os egbás foram obrigados a migrar para o oeste, para Abeokutá, na região centro-sul do país yorubá. Lá, Yemanjá ganhou nova morada e passou a ser cultuada nas margens do rio Ògùn, que nada tem que ver com o orixá Ogun. Muitas pessoas que prestavam culto a Yemanjá foram feitas prisioneiras e vendidas pelos daomeanos para o tráfico de escravos. Hoje restam bem poucas.
Apesar de continuar sendo saudada com a exclamação “Odo Iyá” (a mãe do rio), na Bahia, para onde grande quantidade de egbás de Abeokutá foi trazida, Yemanjá tornou-se deusa das águas salgadas. Isso se deve ao fato de Yemanjá ser miticamente considerada filha do poderoso orixá Olokum (o oceano), como a autora conta logo no prólogo. De acordo com essa lenda, Olokum tem papel tão importante na obra da criação como aquele correspondente a Olorum, o ser supremo। A verdade guardada nessa interpretação está na eterna comunhão entre o céu e o mar. No entanto, no dia da festa de Yemanjá em Salvador, as primeiras cerimônias sempre ocorrem nas águas doces do Dique do Tororó antes de seguir para o mar.
Para os yorubás das regiões de Benin, Lagos, Porto Novo e Ifé, Yemanjá (ou Yemowo) forma com Obatalá o primeiro casal divino।
Já em Oyó, uma variante dessa lenda diz que ela seria filha de Obatalá e esposa de Aganju. De um jeito ou de outro, todos concordam que o nascimento dos orixás é fruto da complicada relação que Yemanjá teve com um de seus filhos, e cujo amor pecaminoso foi repelido por ela com repugnância, levando-a fugir, transformando-se em água para sempre."
domingo, 18 de maio de 2008
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