domingo, 18 de maio de 2008

Qualidades de Santos (Orixás).6ª Parte

Na edição passada não foi citado o orisa Iroko, citarei agora:
Iroko = orisa da gameleira (no Brasil), controla a hemorragia humana. Dando seqüência vamos declinar sobre as Yabas que são os orisá feminino.
Oba = orisa guerreira é única em seu aspecto.
Ewá = orisa guerreira única em seu aspecto.
Osún Opara = a orisa se apresenta jovem e guerreira.
Osún Iponda = jovem e guerreira, da cidade de Iponda.
Osún Ajagura = jovem e guerreira, nação nagô - Oyo, Pernambuco.
Osún Aboto = aspecto maduro da orisa.
Osún Ijimun = aspecto idosa e dada as feitiçarias, ligação com Iami Eleye.
Osún Iberin = aspecto maduro da orisa, nessa forma não desce nas cabeças.
Osún Ipetu = aspecto maduro da orisa.
Osún Ikole = seu mito a liga a Iemanjá e Ode Erinle, transformou-se numa ave.
Osún Popolokun = Conta os antigos que não vem mais, será?.
Osún Osogbo = ela deu oringem ao nome da cidade de Osogbo.
Osún Ioke = Se apresenta como caçadora.
Osún Kare = Um de seus títulos, Kare tem seu próprio nome que poucos conhecem.
Iyeyeo Ominibu = epíteto da Osún.
Iyemonja Ogunte = orisa se apresenta jovem e guerreira.
Iyemonja Yasessu = assume a maternidade de Sàngó é ranzinza e respeitável.
Iyemonja Saba = uma das formas da mãe.
Iyemonja Maleleo = não se obteve noticias desse aspecto no Brasil.
Iyemonja konla = seu mito conta que ela afoga os pescadores.
Iyemonja Ataramaba = Nessa forma ela está no colo de sua mãe olokun.
Iyemonja Ogunde = aspecto da orisa cultuado no Nagô em Pernambuco.
Iyemonja Iyá Ori = nessa forma ela assume todas as cabeças mortais.
Iyamasse = forma de quando ela é definitivamente mãe de Sàngó.
Iyemonja Araseyn = fuxico com Ossayn.
Oyá Lesseyen = uma das Igbales que mora no próprio Lesseyen.
Oyá Egunita = orisa Igbale.
Oyá Foman = orisa Igbale.
Oyá Ate Oju = orisa Igbale aspecto dificil de Oyá quando caminha com Nana.
Oyá Tope = uma de suas formas.
Oyá Mesan = um de seus epítetos.
Oyá Onira = rainha da cidade de Ira.
Oyá Logunere = uma de suas formas.
Oyá Agangbele = esse caminho mostra a dificuldade quando a geração de filhos.
Oyá petu = nesse aspecto ela convive com Sàngó.
Oyá Arira = uma de suas formas.
Oyá Ogaraju = uma das mais antigas no Brasil.
Oyá doluo = eró ossayn; culto Nagô.
Oyá Kodun = eró com Osaguian.
Oyá Bamila = eró Olufon.
Oyá Kedimolu = eró Osumare = Omolu.

Qualidades de Santos (Orixás). 5ª Parte

Dando continuidade as multiplicidades dos orisas vou declinar sobre os orisas Ossayn, Omolu, Oluaye, Osumare, Nanan e Iroko.
Ossayn = Também chamado Baba Ewe, Asiba, que são epítetos do orisa. Possui seu próprio sistema divinatório; o orisa exerce suas funções interligadas a Esu composto ao mesmo tempo em que ele. Kosi ewe, kosi orisa: Sem folhas, sem orisa.
Osumare = Chamado Araka seu epíteto. É o orisa do arco-íris e da transformação, não deve ser confundido com o vodun Becem que se apresenta como Dangbe, Bafun, Danwedo todos da família Danbira e cultuados em outra nação.
Omolu / Obaluaye = É como se apresenta o orisa sapata transmutando-se para formas conhecidas tais como: Agoro, Telu, Azaoni, Jagun, Possun, Arawe, Ajunsun, Afoman, etc, cada qual com suas particularidades.
Nanan = apresenta-se nas formas conhecidas como: Iyabahin, Salare, Buruku, Asainan, sem culto no Brasil. É sempre bom lembrar que muitos nomes são de lugares onde se cultua o orisa. Por exemplo: Ajunsun é o Rei de Savalu, assim como Dangbe é o Rei do Gege, portanto são nomes que dão origem as suas formas.

Qualidades de Santos (Orixás). 4ª Parte

Esse texto é a continuação das multiplicidades dos orisas que vem sendo analisado em publicações anteriores. É um assunto que não pretende esgotar os vários pontos de vista, porém, segundo os "antigos' e, mais de 25 anos de pesquisas em quase todos estados do país, chegamos a essa conclusão. O CCOO sugere o acompanhamento das matérias anteriores, para que os leitores acompanhem desde o início. Seguindo a ordem vamos citar o orisa Ode/Osossi. Há uma síntese sobre esse orisa na edição anterior, eis então suas várias formas de se apresentar:
Osossi akeran = um titulo do orisa;
Ossosi Nikati = um de seus nomes;
Osossi Golomi = um de seus nomes;
Ossosi fomin = um de seus nomes;
Ossosi Ibo = um de seus mitos o liga a Ossain;
Ossosi Onipapo = um dos antigos, tem culto a mais de um século no país;
Ossosi Orisambo = possui seu assentamento diferente dos demais;
Ossosi Echeui/Echeue = seu mito o liga a Ossayn e as vezes a Osalá segundo os "antigos";
Osossi Arole = uns de seus epítetos;
Ossosi Obaunlu = segundo registro há um assentamento deste orisa aqui no Brasil desde 1616 no ase de D.
Olga de alaketu, é considerado o patrono de ketu;
Ossosi Beno = um dos mais antigos, detalhe tem assento aqui em São Paulo, cidade considerada emergente para tradições do candomblé Keto, com poucas casas antigas.
Ossosi DanaDana = aquele que ateou fogo ou roubou, um epíteto dos mais perigosos dado ao caçador.
Ode Wawa = epíteto do caçador;não se tem notícia do seu culto no Brasil;
Ode Wale = epíteto do caçador, não se tem notícia de seu culto no Brasil;
Ode Oregbeule = é um Irunmale, portanto acima do orisa foi um dos companheiros de Odudua em sua chegada na terra segundo sua mitologia;
Ode Otin = outro caçador confundido com Ossosi, sua lenda o identifica ora como uma caçadora ora como um caçador, contudo sua ligação com Ossosi é fato, Otin se apresenta sempre junto com ele a ponto de confundi-los;
Ode Karo = um do caçadores que também mora as margens de um rio é irmão de iguidinile.
Ode Ologunede = o chefe de guerra de Ede, titulo ganhado quando seu pai o entregou aos cuidados de Ogún;
Olo = senhor, gun = guerra, Ede = um lugar na áfrica.É filho de um outro caçador chamado Erinle tendo como mãe Osún Iponda. O posto de asogun, a priori, surge desse mito que o liga a Ogún companheiro de seu pai.
Possui outros nomes como Omo Alade, ou seja, o príncipe coroado. Não há qualidades de Logun como acreditam alguns tais como locibain, aro aro, etc., são apenas nomes tirados de cânticos, aliás aro quer dizer tanta coisa menos nome de orisa. O nome Ibain é de um outro caçador homenageado nos cânticos de Ologun, esse caçador inclusive é o verdadeiro proprietário dos chifres tão importantes no culto. Oba L`Oge é um outro nome para esse orisa. É da região de Ijesa;
Ode Erinle = outro caçador confundido com Osossi no Brasil. Seu assento é completamente diferente dos demais, pois Erinle ou Inle é um orisa do rio do mesmo nome, o rio Erinle que corta a região de Ilobu na Nigéria. Encontra-se seus mitos no odu Okaran-Ogbe e Odi-Obara. Sua esposa é Abatan pois é considerado médico e ela enfermeira, seu culto antecede o de Ossayn, o pássaro os representam. Ibojuto é a sua própria reencarnação representado pelo bastão que vai em seu assentamento e tem a mesma importância do Ofa de Ossosi.Tem uma filha chamada Aguta que às vezes se apresenta como irmã ou como filha sendo sua mãe Ainan. Ode Otin se apresenta como sua filha, às vezes e ai é representado por uma enguia. Ainda temos Boiko como seu guardião, Asão seu amigo e Jobis seu ajudante. No Brasil o ligam a Osún e a Iyemanja pois segundo sua lenda é pela boca dela que ele fala, Erinle é um orisa andrógino e considerado o mais belo dos caçadores;
Ode Ibualama = uma outra versão para Erinle quando ele se apresenta mais ao fundo do rio, há um templo com esse nome na África fazendo alusão ao seu fundador. Aliás há vários templos mas todos são de um orisa só: Erinle nessa situação o caçador traça um outro caminho e pactua seus mitos com Omolu, Osumare, Nana,etc. A montagem de seu Igba (cuia) também difere de um simples alguidar com um ofa para cima como é comum as pessoas não esclarecidas assim fazer.

Qualidades de Santos (Orixás). 3ª Parte

Dando continuidade as multiplicidades dos òrìsà, vamos prosseguir com o òrìsà Ogún, Òsòósí e Ode lembrando que nem todos caçadores tomaram o titulo de Òsòósí e, na África, Òsòósí em certas regiões é feminino tomando o aspecto masculino no antigo reino de Ketu. Ode que dizer caçador, porém, nem todos Ode's são Òsòósí; Ijibu Ode, Ikija, Agbeokuta, são alguns lugares onde houve seu culto, pois seu culto, expandiu-se mesmo aqui no Brasil onde ele é lembrado como rei de Ketu, Ogún em outro aspecto foi chefe dos caçadores (Olode) entregando essa função mais tarde para seu irmão caçula Òsòósí para partir em buscas de suas inúmeras batalhas. Já em certas mitologias o caçador passa a ser sua esposa Òsòósí L`Obirin Ogun, ou seja, Òsòósí é a esposa de Ogún, segundo o verso desse mito. Isso afirma o chamado enredo de santo aqui no Brasil quando se diz que para assentar Òsòósí temos que assentar Ogún e vice versa. Era costume africano quando os caçadores tinham que partir em busca de suas presas, louvarem Ogún para que tudo desse certo, de òrìsà secundário na África Òsòósí, passou a uma condição importantíssima no Brasil sendo òrìsà patrono da nação Keto, senhor absoluto da cerimônia fúnebre do asesé, alguns cânticos fazem alusão a essa condição: Ode lo bi wa, ou seja, o caçador nos trouxe ao mundo. Eis alguns nomes de Ogún/Òsòósí/Ode conhecidos, sobretudo no Brasil e seus aspectos, características, origem e particularidades:
Ogún Olode: epíteto do òrìsà destacando sua condição de chefe dos caçadores.
Ogún Je Ajá ou Ogúnjá como ficou conhecido: um de seus nomes em razão de sua preferência em receber cães como oferendas, um de seus mitos o liga a Osagìyán e Ìyémojá quanto a sua origem e como ele ajudou Osalá em seu reino fazendo ambos um trato.
Ogún Meje: aspecto do òrìsà lembrando sua realização em conquistar a sétima aldeia que se chamava Ire (Meje Ire) deixando em seu lugar seu filho Adahunsi.
Ogun Waris: nessa condição o òrìsà se apresenta muitas vezes com forças destrutivas e violentas. Segundo os antigos a louvação patakori não lhe cabe, ao invés de agradá-lo ele se aborrece. Um de seus mitos narram que ele ficou momentaneamente cego.
Ogún Onire: Quando passou a reinar em Ire, Oni = senhor, Ire = aldeia.
Ogún Masa: Um dos nomes bastante comum do òrìsà, segundo os antigos é um aspecto benéfico do òrìsà quando assim ele se apresenta.
Ogun Soroke: apenas um apelido que Ogún ganhou devido a sua condição extrovertida, soro = falar, ke= mais alto. Nossa historia registra o porque o chamam assim.
Ogún Alagbede: nesse aspecto o òrìsà assume o papel de pai do caçador e esposo de Ìyémojá Ogunte (uma outra versão de Ìyémojá) segundo um de seus inúmeros mitos.
Há vários nomes de Ogún fazendo alusão a cidade onde houve seu culto como Ogún Ondo da cidade de Ondo, Ekiti onde também há seu culto, etc. O òrìsà possui vários nomes na África como no Brasil e com isso ganha suas particularidades e costumes.

Qualidades de Santos (Orixás). 2ª parte

Na edição passada estava abordando o tema sobre a multiplicidade dos orisa. Vamos separar a qualidade como é chamada no Brasil (em Cuba chama-se caminhos), dos títulos e de nomes tirados de cantigas como insistem pseudo sacerdotes. Já sabemos que os orisa são venerados com outros nomes em regiões diferentes como: Iroko (Yoruba), Loko (Gege), Sango (Oyo), Oranfe (Ife), isso torna o culto diferente. Temos também o segundo nome designando seu lugar de origem como Ogun Onire (Ire), Osun Kare (Kare),etc, também temos os orisa com outros nomes referentes as suas realizações como Ogun Mejeje refere-se as lutas contra as 7 cidades antes dele invadir Ire, Iya Ori a versão de Iyemanja como dona das cabeças, etc. Há portanto uma caracterização variada das principais divindades, ou seja, uma mesma divindade com vários nomes e, é isso que multiplica os orisas aqui no Brasil.
Vamos começar com Esu o primogênito orisa criado por Olorun de matéria do planeta segundo sua mitologia, ele possui a função de executor, observador, mensageiro, líder, etc. Alem dos nomes citados aqui que são epítetos e nomes de cidades onde há seu culto, ele será batizado com outros nomes no momento de seu assentamento, ritual especifico e odu do dia. Não será escrito na grafia Yoruba para melhor entendimento do leitor.
Oba Iangui : o primeiro, foi dividido em varias partes segundo seus mito.
Agba: o ancestral, epíteto referente a sua antiguidade.
Alaketu: cultuado na cidade de ketu onde foi o primeiro senhor de ketu.
Ikoto: faz referencia ao elemento ikoto que é usado nos assentos esse objeto lembra o movimento que esu faz quando se move do jeito de um furacão.
Odara: fase benéfica quando ele não está transitando caoticamente.
Oduso: quando faz a função de guardião do jogo de búzios.
Igbaketa: o terceiro elemento, faz alusão ao domínios do orita e ao sistema divinatório.
Akesan: quando exerce domínios sobre os comércios.
Jelu: nessa fase ele regula o crescimento dos seres diferenciados. Culto em Ijelu.
Ina: quando e invocado na cerimônia do ipade regulamentando o ritual.
Onan: referencia aos bons caminhos, a maioria dos terreiros o tem, seu fundamento reza que não pode ser comprado nem ganhado e sim achado por acaso.
Ojise: com essa invocação ele fará sua função de mensageiro.
Eleru: transportador dos carregos rituais onde possui total domínio.
Elebo: possui as mesmas atribuições com caracterizações diferentes.
Ajonan: tinha seu culto forte na antiga região Ijesa.
Maleke: o mesmo citado acima.
Lodo: senhor dos rios, função delicada dado a conflitos de elementos
Loko: como ele é assexuado nessa fase tende ao masculino simbolizando virilidade e procriação.
Oguiri Oko: ligado aos caçadores e ao culto de Orumila-Ifa.
Enugbarijo: nessa forma esu passa a falar em nome de todos os orisas.
Agbo: o guardião do sistema divinatório de Orumila.
Eledu: estabelece seu poder sobre as cinzas, carvão e tudo que foi petrificado.
Olobe: domina a faca e objetos de corte é comum assenta-lo para pessoas que possuem posto de Asogun.
Woro: vem da cidade do mesmo nome.
Marabo: aspecto de esu onde cumpre o papel de protetor Ma=verdadeiramente, Ra=envolver, bo=guardião. Também chamado de Barabo= esu da proteção, não confundi-lo com seu marabo da religião Umbandista.
Soroke: apenas um apelido, pois a palavra significa em português aquele que fala mais alto, portanto qualquer orisa pode ser soroke.

Qualidades de Santos (Orixás) 1ª Parte

Na mira do caçador: Existe sem duvida no Brasil uma questão muito polemica sobre as multiplicidades dos orisas chamada por todos de qualidade de santo. Essa questão será esclarecida nessa coluna exaustivamente para que todos possam ter acesso. Primeiro na África fica mais fácil o entendimento porque não há qualidade de santo; ou seja, em cada região cultua-se um determinado orisa que é considerado ancestral dessa região e, alguns orisas por sua importância acaba sendo conhecido em vários lugares como é o caso de Sàngó, Orumila, etc. é de se saber que Esu é cultuado em todo território africano. Vejam bem: Osun da cidade de Osogbo é Osun Osogbo, da região de Iponda é a Osun de Iponda, Ogún da região de ire é Ogún de Ire (Onire: chefe de ire), do estado de Ondo é Ogún de Ondo,etc. Na época do tráfico de escravos veio para o Brasil diversas etnias Ijesas, Oyos, Ibos, Ketus,etc e cada qual trouxe seus costumes juntos com seus orisas digamos particulares, e após a mistura dessas tribos e troca de informações entre eles cada sacerdote ou quem entendia de um determinado orisa trocaram fundamentos e a partir daí surge as qualidades, e essa quantidade de orisa presente aqui no Brasil, sendo que o orisa é o mesmo com origens diferenciadas. É claro que por ter origens diferenciadas seus cultos possuem particularidades religiosas e até mesmo culturais por exemplo Oyá Petu tem seus fundamentos assim como Oyá Tope terá o seu, isso nada mais é, que uma passagem do mesmo orisa por diversos lugares e cada povo passou a cultuá-lo de acordo com seus próprios costumes. Um exemplo mais nítido é que aqui fazemos muitos pratos para Osun com feijão fradinho, entretanto num determinado país não há esse feijão portanto foi substituído por um grão semelhante e assim puderam continuar com o culto a Osun sem a preocupação de importar o feijão fradinho. Outro exemplo de orisa transformado em qualidade no Brasil é Osun kare, Kare é uma louvação à Osun quando se diz: Kare o Osun! A palavra kare também é uma espécie de bairro na África, logo Osun cultuada em kare é Osun kare, e por vai surgindo desordenadamente essa quantidade de orisa aqui no Brasil. Imagine um rio que atravessa todo território Nigeriano e, em suas margens diversas etnias que num determinado local algumas pessoas diria que ali é a morada de Osun Ijimu (cidade de Ijumu na região dos Ijesa), mais para frente em Iponda diria aqui é a morada de Osun Iponda, mais para frente, em Ede esse rio terá o culto de Ologun Ede, o chefe de guerra de Ede segundo sua mitologia, e serão diversos orisas cultuados num mesmo rio por diversas etnias com pequenas particularidades. Isso acontece com todos orisas e suas mitologias fazem alusão a essas passagens e constantes peregrinação de seus sacerdotes quer por viajens comercias ou por guerras intertribais sempre espalharam seus orisas em outras regiões. Outro fato interessante é títulos que algumas divindades possuem e foram transformadas em qualidades, por exemplo Ossosi akeran, akeran é um titulo de um determinado caçador (ancestral) com isso vamos na próxima edição analisar esses fatos e informar todas qualidades de orisa da nação keto que o sacerdote pode ou não mexer de acordo com o conhecimento de cada um, pois o nosso dever é informar sem a pretensão de nunca ser o dono da verdade Na próxima edição vamos diferenciar, títulos de nomes de cidades, nomes tirados de cânticos que as pessoas insistem em dizer que é qualidade de orisa.

Sugestões de Leitura

Seguem algumas sugestões de leitura indicadas pela escritora Carolinha Cunha.

Infanto-juvenil
• As panquecas de Mama Panya, de Mary e Rich Chamberlin. São Paulo: Edições SM, 2005. Coleção Cantos do Mundo.
• Histórias de Ananse, de Adwoa Badoe. São Paulo: Edições SM, 2006. Coleção Cantos do Mundo.
• O chamado de Sosu, de Meshack Asare. São Paulo: Edições SM, 2005. Coleção Cantos do Mundo.
• Caminhos de Exu, de Carolina Cunha. São Paulo: Edições SM, 2005. Coleção Barco a Vapor, série Azul, 10.
• Mzungu, de Meja Mwangi. São Paulo: Edições SM, 2006.Coleção Barco a Vapor, série Vermelha, nº 14.
• Aguemon, de Carolina Cunha. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
• Eleguá, de Carolina Cunha। São Paulo: Edições SM, 2007. Histórias do Okú Lái Lái.

Para o Professores
• A África na sala de aula – Visita à História contemporânea, de Leila Leite Hernandes. São Paulo: Editora Selo Negro, 2005.
• A família de santo nos candomblés jêjes-nagôs da Bahia – Um estudo das relações intergrupais, de Vivaldo da Costa Lima. Salvador: Corrupio, 2003.
• Antologia do negro brasileiro, de Édison Carneiro. Rio de Janeiro: Agir, 2005.
• Caroço de dendê: a sabedoria dos terreiros – como ialorixás e babalorixás passam seus conhecimentos a seus filhos, de Mãe Beata de Yemonjá. Rio de Janeiro: Pallas, 1997.
• O candomblé da Bahia, de Roger Bastide. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
• O povo do santo – religião, história e cultura dos orixás, voduns, inquices e caboclos, de Raul Lody. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
• Uma visita ao museu Afro Brasil, de Ana Lucia Lopes e Maria da Betânia Galas. São Paulo: Museu Afro Brasil, 2006.
• África e Brasil africano, de Marina Mello e Souza। São Paulo: Ática, 2006.

SITES
Casa das Áfricas: http://www.casadasafricas.org.br/
CEAO – Centro de Estudos Afro-Orientais: http://www.afroasia.ufba.br/
Fundação Pierre Verger: http://www.pierreverger.org.br/
Museu Afro Brasil: http://www.museuafrobrasil.com.br/
Programa Mojubá: http://www.acordacultura.org.br/

Quem é Yemanjá?

Fragmento de texto retirado da obra de Carolina Cunha, Histórias do Okú LaiLai.

Temas África; Cultura afro-brasileira; Cultura yorubá

"Na África, Yemoja (a pronúncia aproximada é “Yemodjá”) é a deusa do povo egbá, que outrora habitava a região situada na bacia do rio Oshun, onde ainda existe o rio Yemoja। No início do século XIX, por causa das guerras com os daomeanos, os egbás foram obrigados a migrar para o oeste, para Abeokutá, na região centro-sul do país yorubá. Lá, Yemanjá ganhou nova morada e passou a ser cultuada nas margens do rio Ògùn, que nada tem que ver com o orixá Ogun. Muitas pessoas que prestavam culto a Yemanjá foram feitas prisioneiras e vendidas pelos daomeanos para o tráfico de escravos. Hoje restam bem poucas.

Apesar de continuar sendo saudada com a exclamação “Odo Iyá” (a mãe do rio), na Bahia, para onde grande quantidade de egbás de Abeokutá foi trazida, Yemanjá tornou-se deusa das águas salgadas. Isso se deve ao fato de Yemanjá ser miticamente considerada filha do poderoso orixá Olokum (o oceano), como a autora conta logo no prólogo. De acordo com essa lenda, Olokum tem papel tão importante na obra da criação como aquele correspondente a Olorum, o ser supremo। A verdade guardada nessa interpretação está na eterna comunhão entre o céu e o mar. No entanto, no dia da festa de Yemanjá em Salvador, as primeiras cerimônias sempre ocorrem nas águas doces do Dique do Tororó antes de seguir para o mar.

Para os yorubás das regiões de Benin, Lagos, Porto Novo e Ifé, Yemanjá (ou Yemowo) forma com Obatalá o primeiro casal divino।

Já em Oyó, uma variante dessa lenda diz que ela seria filha de Obatalá e esposa de Aganju. De um jeito ou de outro, todos concordam que o nascimento dos orixás é fruto da complicada relação que Yemanjá teve com um de seus filhos, e cujo amor pecaminoso foi repelido por ela com repugnância, levando-a fugir, transformando-se em água para sempre."

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Super Dicas

Motumbá irmão e amigos,

acho que muitos sabem que sou criador do Site Lendas dos Orixás http://www.lendas.orixas.nom.br . Engraçado que esse site começou como um sonho, uma vontade e acabou indo parar na internet mesmo. Coisas dos Orixás. Ainda na época que era estagiário de Ciências Contábeis em uma empresa aqui no Rio de Janeiro eu comecei a juntar todo material possível na internet para um dia fazer um site sobre o assunto. A vida é engraçada, logo eu contador fui ser webdesigner também. Pois é, saí do estágio e surgiu uma vaga na empresa de Webdesign de minha amiga Tatiana e eu fui, rsrsrsr...

Assim que comecei a aprender o "beabá da coisa", fui formulando o conceito para o site do Lendas. Ele, a princípio, foi um treinamento para mim, mas eu encarava mais como uma realização de um sonho. Sempre que tinha tempo ia ajustando, criando mais itens, mais material e acrescentando informações que conseguia coletar.

O mais legal de tudo é que os acessos do site foram crescendo na proporção que os meses iam passando de uma forma surpreendente. Hoje em dia o números de acessos se encontra por volta de 240acessos/dia, 8000acessos/mês, totalizando praticamente 100.000 acessos/ano. É gente pra caramba aprendendo sobre os Orixás, sobre cultura, sobre fundamentos de axé, sobre arte, enfim, estudando a religião o que me faz feliz e deixa orgulhoso.

Além disso, a comunidade do site no Orkut http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=11174523 esta beirando os 3000 membros. Lá nos fóruns o mais importante não é saber mais e sim divulgar infomações, passar conhecimento para que cada um tire suas próprias conclusões. Muito bons os fóruns por sinal. Esta feito o convite aqui para quem ainda não faz parte se integrar na nossa comu, ok.

Bem, criei esse post, para a partir desse marcador dicas, falar sobre os sites interessantes que eu encontrei, encontro e continuarei encontrando na internet. Dar dicas e estratégias para você conseguir acesso a esses materiais e também orientar como fazer seu site, ou comunidade ficar cheio.

Muita paz,

Motumbá, pra quem é de motumbá;
Mukuiu, pra quem é de mukuiu;
Kolofé, pra quem é de kolofé;
Saravá, pra quem é de saravá.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Alguns Significados dos Cânticos do Candomblé - Sangô

Ao me deparar com uma passagem do livro "A fogueira de Xangô ... o Orixá do fogo de José Flávio Pessoa de Barros"observei que os cânticos descritos no livro, com a devida tradução, seriam de muito proveito para o aprendizado de todos os que seguem o Candomblé e tem interesse em aprender sempre mais. Segue o trecho em destaque:

"As esteiras são estendidas e sobre elas os iniciados se ajoelham, busto curvado, pousando a cabeça no chão, em direção a Obaladô. Sua voz faz-se ouvir, então, salmodiando cada verso como um lamento, um canto em solo é ouvido e que se repetirá por três vezes. È um lento responsório, em que o oficiante canta primeiro, acompanhado em um segundo momento , pelos presentes.

Oba kawòó o Ó Rei, meus cumprimentos.
Oba kawòó o Ó Rei, meus cumprimentos.
O, o, Kabíyèsílè Sua majestade, o Rei mandou construir uma casa.
Oba ni kólé
Oba séré O Rei do xere, o Rei prometeu e traz boa sorte,
Oba njéje o dono do pilão.
Se´re aládó
Bongbose O ( wo ) bitiko Bamboxé abidikô, meus cumprimentos ( ao )
Osé Kawòó Oxé, sua majestade.
O, o, Kábíyèsilé Meus cumprimentos.

O som do Adjarim marca o início do paó, palmas compassadas que a anunciam uma nova reza para o orixá do fogo....... o cântico continua:

Ó níìka, ó Níìka Ele é cruel, ele é cruel(o trovão ).
Áwè jè atètú Eu jejuo para o punidor.
Badé, badé ìyá Tèmi Badé, badé, meu espírito sofre


Ó níìka, ó níìka árá ìn álàde o Ele é cruel, o trovão é cruel sim. O dono da coroa é cruel.
Ó níìka àwe jé atètu Ele é cruel, ele é cruel(o trovão )Eu jejuo para o punidor.
Aira ma sá re awo, ariwo, ale odó Airá(o trovão), verdadeiramente voa e cai ruidosamente.
Ma sè Forte como um pilão, como um tambor ( barulho ).
Aira ma sá re awo, ariwo, ale odó Airá(o trovão), verdadeiramente voa e cai ruidosamente.
Ma sè Forte como um pilão, como um tambor ( barulho ).
Yèyé, kèrè-kèrè lo ni joko ayagba O pássaro vagarosamente senta e chora para as grandes mães.
Ale odó ma sè Forte como um pilão, como um tambor ( barulho ).

A reza diz que o trovão é cruel, implorando a Badé... "ele é a voz estrepitosa e aterrorizante do Trovão, é a força que deflagra a carga irregular dos raios". Os nagôs dizem ser Badé é um vodum, isto é, de origemjêje, e que os jêjes do maranhão, dizem que é um orixá nagô e que, quando ele se apresenta na Casa –das –Minas, fala por sinais para não revelar os segredos dos nagôs.

Os pássaros lembram as feiticeiras que ameaçam os seres humanos, é necessário implorar as grandes mães senhora dos pássaros, para que não flagelem os homens. Airá também é mencionado no texto sagrado, recolhido entre os que se originam do axé de IÁ Nasô. Este orixá ocupa um lugar especial nesta comunidade, estando ligado a primeira no nominação...Axé Airá Intilé.

Novamente o Adjarim anuncia que o Rei Xangô continuará sendo louvado, e uma nova reza começa:

Oba ìrú l´òkò O Rei lançou uma pedra.
Oba ìrú l´òkò O Rei lançou uma pedra.
Ìyámasse kò wà Iyámasse cavou ao pé de uma grande
Ìrà oje árvore e encontrou.
Aganju ko má nje lekan Aganju vai brilhar, então , mais uma vez como trovão.
Árá l´okò láàyá Lançou uma pedra com força (coragem)
Tóbi òrìsà, O Grande Orixá do orum (terra dos ancestrais) vigia.
Oba só òrun O Rei dos trovões, está no pé
Árá oba oje de uma grande árvore ( pedra de raio )

A oração saúda o Rei dos trovões, como sendo Aganju, o Alafin de Oió, filho de Ajaká e sobrinho de Xangô. Iamassê considerada sua mãe é quem revela aos mortais, que a pedra de raio, símbolo do seu poder, é encontrada ao pé de uma grande árvore. O brilho dos raios e o barulho dos trovões lembram que Aganju vigia do orum , terra dos ancestrais, seus súditos fiéis.

O Adjarim marca um novo momento, Obaladô levanta-se e se dirige a casa de Xangô pousando no chão da mesma uma gamela cheia de Amalá , a comida predileta deste orixá.

Béè ni je a! pá bo Sim, comer(amalá)dentro(de uma gamela) com satisfação, de uma só vez,adorando.
Je bí o o ni a! pá bo Comer, nascer dele, dentro(de uma gamela)com satisfação, de uma só vez, adorando.
E ni pá léèrín àdá bá lài Cortado muitas vezes(o quiabo),sempre com cutelo, dentro da gamela
Ìmó wá mònà mòwé Procurar conhecimento,
Kó je nà mímò àsé certamente torna inteligente.
Kó je nà mímò àsé A comida (amalá) faz adquirir
Kó je nà mímò àsé e aumenta o conhecimento do Axé.

A reza indica que, ao se desfrutar da comida sagrada, descobre-se o axé, isto é, a força, que dá conhecimento e sabedoria aos que delas usufruem. Nos últimos acordes da reza, os ogans de Xangô pousam os xeres e acendem a fogueira. Varias vozes gritam..

Kawòó Kàbíyèsilè !!! Kawòó Kàbíyèsilè !!! = Meus cumprimentos à sua majestade !!!"


quarta-feira, 2 de abril de 2008

Roncó! Como vim parar aqui? (1ª Parte)

Meu corpo não se mexe. Escuto todos a minha volta, mas meu corpo não se mexe. O atabaque parou de tocar. Seu som ainda ecoava em minha cabeça, mas minha cabeça permanece imóvel encostada ao chão do Ilê de meu Babalorixá. Os irmãos que participaram do meu Bolonan festejam o momento. Continuo escutando, mas permaneço imóvel, enfim havia chegado o momento. Sinto que estou flutuando, mas na verdade sou carregado para dentro do Roncó. Este seria meu lar pelos próximos 21 dias. Lá minha fé seria testada por Ayrá, Orixá que tanto amo.

Acordo no interior do Roncó. E minhas lembranças retornam aos momentos de meus primeiros contatos com a religião. O candomblé é belíssimo e ao contrário do que parece na visão dos não praticantes nossa religião não é uma seita, não é um pacto, não é feitiçaria, não é um meio de conquistar o que se deseja de modo fácil, enfim, somos iniciados na religião para sermos sacerdotes, para lembrar-mos que sem a natureza não há vida, que a natureza esta representada pelos nossos Orixás, que sem o respeito pelos antepassados não ensinamos respeito a nossos filhos, netos e bisnetos, para aprendermos os fundamentos de conhecimentos a tempos esquecidos, não por todos, mas por grande parte da civilização organizada da forma como vemos hoje, onde o contato com as energias da natureza fica cada vez mais restrito a plantas em vasos ou a criação de nossos queridos mascotes dentro de nossos lares de concreto em nossas cidades.

Eu era criança e ficava curioso ao ver minha bisavó e minhas tias vestidas com roupas diferentes, dançando vigorosamente apesar da idade. Suas vozes ecoavam forte naquela sala branca de uma casa no subúrbio da cidade do Rio de Janeiro. Essas imagens sempre me marcaram, mas não tinha idéia de que um dia eu estaria assim como elas seguido uma religião de origem afro-brasileira. Cheguei a adolescência, fiz catecismo, primeira comunhão, mas nunca segui o que estudei ali e após minha primeira comunhão se encerrar nunca mais voltei a igreja para assistir uma missa por vontade própria.



Mundo, vasto mundo... Lendas, Mitologia, Itans...

Lendas, Mitologia, Itans... dos Orixás. São muitas definições para descrever seus feitos. Dentre elas escolho Lendas dos Orixás e fico com as palavras do antropólogo Pierre Fatumbi Verger, em seu Livro "Lendas Africanas dos Orixás" como a mais simples e bela definição sobre o que representam essas Lendas. Disse Verger:

"Um babalaô me contou:

Antigamente, os Orixás eram homens. Homens que se tornaram Orixás por causa de seus poderes. Homens que se tornaram Orixás por causa de sua sabedoria. Eles eram respeitados por causa de sua força, eles eram venerados por causa de suas virtudes. Nós adoramos sua memória e os altos feitos que realizaram. Foi assim que estes homens tornaram-se Orixás. Os homens eram numerosos sobre a Terra. Antigamente, como hoje, muitos deles não eram valentes nem sábios. A memória destes não se perpetuou. Eles foram completamente esquecidos; não se tornaram Orixás. Em cada vila, um culto se estabeleceu sobre a lembrança de um ancestral de prestígio e lendas foram transmitidas de geração em geração para render-lhes homenagem".

Esse Blog é voltado aos Orixás e meus pensamentos em relação a eles.

Fábio Cardoso